Queridos colegas,
Queria ventilar uma reflexão com vocês.
Acredito que todos já estão informados do vexame que nosso Governador passou em Mongaguá. Se não estiverem, aqui está o atalho para a matéria do Estadão. Rebatendo a fala dos grevistas, Alckmin disse que "hoje apenas 10% dos professores e funcionários estão em greve, mas temos certeza que em breve tudo estará resolvido".
Eu vou voltar para a questão em que tenho insistido: Números. E serei generoso. Não vou considerar os números do sindicato, porque não preciso deles para duvidar dos números informados pelo governo.
Vejam, é matemática básica: circula atualmente um e-mail escrito pela Adm. Central do CEETEPS, assinado pelo vice-superintendente, e datado de 27/05. Foi o último que eu recebi. Segundo consta, o Centro liga todos os dias pela manhã, sem falha, e pergunta como está a adesão à greve. O último e-mail do sr. Cesar Silva indica que "das 247 unidades que responderam à consulta, 72,1% informaram que não aderiram ao movimento, e 14,3% informaram que em sua unidade o movimento é parcial".
Da última vez em que eu estive numa cadeira escolar, 72+14=86, e 100-86=14. Portanto, segundo números produzidos pelo governo, 14% das unidades do CEETEPS estão totalmente paradas, enquanto outros 14% estão "parcialmente" paradas. Não fica claro o que é este "parcialmente" (um professor trabalhando e o resto em greve? um professor em greve e o resto trabalhando?). É aí que entra a generosidade para com os números do governo para continuar o raciocínio.Acreditemos nesses números por por um minuto, e vamos supor que os tais 14% parcialmente parados só representem 7% a mais de funcionários em greve. Teremos 21% de funcionários em greve(porque 14+7=21, a não ser que a reforma ortográfica tenha afetado a matemática). O que quer dizer que temos números oficiais provando que a greve é mais que o dobro do que foi anunciada em público pelo governador.
O governador mente ou ignora "os números reais do movimento com toda a transparência e seriedade possível" (palavras do vice-superintendente). Repreendemos nossos alunos, que ainda estão aprendendo, por erros muito menores que esse. Questionamos a seriedade do sindicato por qualquer conversa de corredor que o contradiga. Mas o governador erra (ou mente) em público, descaradamente, e tudo o que fazemos é aceitar e baixar a cabeça, sentindo "impotência" diante dos números oficiais.
Eu acredito que isso ocorre porque não é a matemática que está em questão. Se bem que... eles parecem ter um problema antigo com números. Mas desde o começo da greve, a superintendência do CEETEPS tentou transformar a questão numa corrida de cavalos, mostrando números arbitrariamente baixos (cuja coerência não resistiu a uma investigação mínima, como essa que acabei de fazer), para desestimular quem pensa em fazer greve, já que a força da mobilização está na quantidade.
E que tal estes números? Ou estes aqui? Talvez seja melhor ilustrar os números com algumas mídias?
Minha dignidade profissional não é feita de números. Nós todos ainda ganharíamos mal pelo brilhante serviço que fazemos se tivéssemos 100% de aumento, e o governo ora quer bancar o durão, ora quer regatear. Isso não é matemática, é ética (ou a falta dela). A dignidade de 1%, 30% ou 100% dos trabalhadores que estão em greve, lutando por um amanhã menos sombrio, não pode ser quantificada. A dignidade dos nossos alunos, que entraram na greve porque já possuem um conhecimento básico do certo e do errado (e que não entram nas contas), não pode ser subornada ao silêncio. Quais são os números reais para isso, sr. Vice-superintendente? Porque eu não os vejo em e-mails, ou falas públicas, ou propostas.
Nenhuma reposição, por mais dura que seja, roubará o sono tranqüilo daqueles que optaram por fazer o que é certo, e isso não depende de números.
Pensem nisso. E divulguem...
Queria ventilar uma reflexão com vocês.
Acredito que todos já estão informados do vexame que nosso Governador passou em Mongaguá. Se não estiverem, aqui está o atalho para a matéria do Estadão. Rebatendo a fala dos grevistas, Alckmin disse que "hoje apenas 10% dos professores e funcionários estão em greve, mas temos certeza que em breve tudo estará resolvido".
Eu vou voltar para a questão em que tenho insistido: Números. E serei generoso. Não vou considerar os números do sindicato, porque não preciso deles para duvidar dos números informados pelo governo.
Vejam, é matemática básica: circula atualmente um e-mail escrito pela Adm. Central do CEETEPS, assinado pelo vice-superintendente, e datado de 27/05. Foi o último que eu recebi. Segundo consta, o Centro liga todos os dias pela manhã, sem falha, e pergunta como está a adesão à greve. O último e-mail do sr. Cesar Silva indica que "das 247 unidades que responderam à consulta, 72,1% informaram que não aderiram ao movimento, e 14,3% informaram que em sua unidade o movimento é parcial".
Da última vez em que eu estive numa cadeira escolar, 72+14=86, e 100-86=14. Portanto, segundo números produzidos pelo governo, 14% das unidades do CEETEPS estão totalmente paradas, enquanto outros 14% estão "parcialmente" paradas. Não fica claro o que é este "parcialmente" (um professor trabalhando e o resto em greve? um professor em greve e o resto trabalhando?). É aí que entra a generosidade para com os números do governo para continuar o raciocínio.Acreditemos nesses números por por um minuto, e vamos supor que os tais 14% parcialmente parados só representem 7% a mais de funcionários em greve. Teremos 21% de funcionários em greve(porque 14+7=21, a não ser que a reforma ortográfica tenha afetado a matemática). O que quer dizer que temos números oficiais provando que a greve é mais que o dobro do que foi anunciada em público pelo governador.
O governador mente ou ignora "os números reais do movimento com toda a transparência e seriedade possível" (palavras do vice-superintendente). Repreendemos nossos alunos, que ainda estão aprendendo, por erros muito menores que esse. Questionamos a seriedade do sindicato por qualquer conversa de corredor que o contradiga. Mas o governador erra (ou mente) em público, descaradamente, e tudo o que fazemos é aceitar e baixar a cabeça, sentindo "impotência" diante dos números oficiais.
Eu acredito que isso ocorre porque não é a matemática que está em questão. Se bem que... eles parecem ter um problema antigo com números. Mas desde o começo da greve, a superintendência do CEETEPS tentou transformar a questão numa corrida de cavalos, mostrando números arbitrariamente baixos (cuja coerência não resistiu a uma investigação mínima, como essa que acabei de fazer), para desestimular quem pensa em fazer greve, já que a força da mobilização está na quantidade.
E que tal estes números? Ou estes aqui? Talvez seja melhor ilustrar os números com algumas mídias?
Minha dignidade profissional não é feita de números. Nós todos ainda ganharíamos mal pelo brilhante serviço que fazemos se tivéssemos 100% de aumento, e o governo ora quer bancar o durão, ora quer regatear. Isso não é matemática, é ética (ou a falta dela). A dignidade de 1%, 30% ou 100% dos trabalhadores que estão em greve, lutando por um amanhã menos sombrio, não pode ser quantificada. A dignidade dos nossos alunos, que entraram na greve porque já possuem um conhecimento básico do certo e do errado (e que não entram nas contas), não pode ser subornada ao silêncio. Quais são os números reais para isso, sr. Vice-superintendente? Porque eu não os vejo em e-mails, ou falas públicas, ou propostas.
Nenhuma reposição, por mais dura que seja, roubará o sono tranqüilo daqueles que optaram por fazer o que é certo, e isso não depende de números.
Pensem nisso. E divulguem...
Tiago J. A. Pessoa
Prof. Ensino Médio - ETEC Carlos de Campos.
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