sexta-feira, 3 de junho de 2011

Carta Aberta de Garça, Ipaussu e Sta. Cruz do Rio Pardo.

Os trabalhadores do Centro Paula Souza em greve nas cidades de Garça, Ipaussu e Santa Cruz do Rio Pardo elaboraram uma carta aberta à comunidade, que pretendem distribuir em eventos públicos locais. A carta segue abaixo, para livre utilização.

Grevista: planeje iniciativas locais. Procure as unidades em greve na sua região. Vamos em greve até a vitória!


CARTA ABERTA À COMUNIDADE
Nós trabalhadores do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, com três unidades em Garça, ETEC Monsenhor Antonio Magliano, ETEC Deputado Paulo Ornela Carvalho de Barros e FATEC Garça, vimos por meio desta esclarecer a nossa comunidade em especial aos nossos alunos, seus pais e cidadãos em geral, o motivo de nossa paralisação. 

Muitos conhecem o Centro Paula Souza como uma grande rede de escolas técnicas e faculdades de tecnologia por todo o Estado de São Paulo, tendo inclusive recebido o título de maior rede de escolas técnicas da América Latina.
Isso por conta da ampla divulgação que se tem na mídia e inclusive em propagandas eleitorais recentes. Porém, a realidade salarial dos funcionários dessa instituição não é, nem um pouco, motivo de comemoração.

Vamos aos fatos. Temos funcionários com salários aviltantes, alguns abaixo do salário mínimo, com salário base de R$ 510,00 (Quinhentos e dez reais) mensais, professores iniciantes recebem R$ 10,00 por hora/aula, sem piso salarial, e nem sempre conseguem uma quantidade de horas/aulas suficientes para compor um valor considerável para sustentar suas necessidades básicas, necessitando então muitas vezes triplicar sua jornada de trabalho, assumindo aulas em várias escolas, trabalhando de manhã, tarde e noite. Não temos um plano de carreira que possa permitir nos programarmos financeiramente, sem falar que não temos garantia de atribuirmos a mesma quantidade de aula no semestre seguinte, não temos dissídio (ajuste anual), não temos condições de nos reciclarmos profissionalmente em virtude das jornadas nas várias escolas (condição essencial para mantermos a qualidade de nossas aulas).

Não são todos os professores e funcionários que recebem vale alimentação, e quando o recebem o nomeamos de vale coxinha, de R$ 4,00 por dia útil trabalhado. Não temos plano de saúde. Se quisermos vale transporte desconta-se 6% do nosso salário bruto.
O governo divulga o pagamento todo ano do bônus mérito, mas não são todos que recebem e quando recebemos, o mesmo não vem compensar as defasagens ocorridas ao longo dos seis anos sem correções salariais.

Nosso sindicato anualmente tenta negociar com o governo, mas somos ignorados em toda e qualquer proposta de negociação, sempre dizem não às nossas reivindicações.
O governo anunciou 11% de aumento para categoria, e para quem não sabe da nossa história parece um bom aumento, mas esse índice não cobre seis anos sem recebermos as reposições salariais do período, a que temos direito, um direito garantido por Lei a todos os trabalhadores do País, sem falar em aumento real, que não existe.
Estamos cientes de que nossa paralisação traz transtornos aos alunos, mas infelizmente não temos alternativa é necessário que nos manifestemos contrários às arbitrariedades que nos são impostas. Se não o fizermos agora, todos vamos perder, pois a qualidade do ensino cairá, cursos vão fechar por falta de professores, fato já consumado na ETEC Monsenhor Antonio Magliano neste ano, prejudicando toda a comunidade de Garça e região.

Nossa responsabilidade é muito grande, pois se vocês pais, nos confiam seus filhos, professores, para educá-los e formá-los e precisamos condições para isto.

E você caro (a) Aluno (a), que vem para as nossas escolas para obter uma formação profissional ou se preparar para ser aprovado num vestibular, com certeza tem o direito de obter um ensino de qualidade que lhe prepare plenamente para a vida. Exija seus direitos, lute e acima de tudo se conscientize do que realmente acontece em sua escola e contribua para a solução do problema. Nós, cidadãos brasileiros, temos esse direito, pagamos impostos, elegemos nossos governantes. Temos que pensar no futuro, em soluções definitivas. Abracem nossa causa que é também a sua. Como? Cobrem uma solução de nosso governador na ouvidoria do governo do estado, mandando um e-mail para  ouvidoriagestaopublica@sp.gov.br  ou acessando o site www.ouvidoria.sp.gov.br/RegistraManifestacao.aspx?cod_prestador=23.        Com isso o governo será pressionado pela comunidade a negociar conosco e rapidamente voltaremos para a sala de aula. Quem não está colaborando, não são os grevistas, mas o governo que do alto de sua arrogância não negocia com os servidores públicos. Faça a sua parte, aí sim estaremos contribuindo para a melhora da educação no Brasil, procurando sempre compreender realidade presente nos fatos, muitas vezes manipulados por interesses políticos que não resolverão os problemas com a educação, e sim promoverão a saída de professores das escolas e até mesmo o fechamento de cursos e escolas.

Queremos retornar o mais rápido à normalidade, por isso solicitamos de todos ajuda neste impasse, aos alunos, pais e comunidade em geral, tendo paciência, entendendo a situação e cobrando providências de nosso governo.

Aos alunos - iremos repor todas as aulas.

Aos pais – fiquem tranqüilos, seus filhos vão ganhar em qualidade de educação

À comunidade – vamos lutar pela educação, é nosso direito.

É preferível termos certos transtornos agora do que continuar, ano após ano, vivendo o transtorno permanente de uma educação falida condenada ao fracasso.
  

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